domingo, 28 de março de 2010

Mais Cecília Meireles

Que tal levar este texto para a sala de aula para fazer uma deliciosa leitura em voz alta e aproveitar para propor a confecção de um lindo painel para ilustrá-lo?

Leilão de Jardim

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão.)

Cecília Meireles
Boa leitura,
Camila Garoli Vilela

Falando sobre a água

Você sabia que 2010 é o ano da Biodiversidade?
Pois é, assim como sempre, é um ótimo moento para se falar sobre meio ambiente.
Dia 22 de março foi o dia mundial da água, um bom dia para se iniciar uma boa conversa sobre o tema.
Que tal usar as ideias abaixo para começar a conversa sobre o assunto?

Projeto água

1. Pensar, escrever e conversar sobre as diferentes situações do cotidiano em que utilizamos água e como seriam estas mesmas situações sem a água.
2. Ler textos informativos sobre o tema e com diferentes enfoques: "A quntidade de água no planeta", "A distribuição de água na cidade", "O ciclo da água", "Declaração Universal dos Direitos da Água", entres outros.
3. Confecção de cartazes de conscientização sobre o uso racional da água.
4. Assistir videos instrucionais sobre a água (há vários disponíveis no site http://www.sabesp.com.br/ ).
5. Confecção de mini livro sobre os cuidados com a água.

No link abaixo há textos e atividades para serem trabalhadas em sala de aula e que abordam o tema.

http://picasaweb.google.com.br/MiGaroli/ProjetoAgua02#

Bom estudo,
Camila Garoli Vilela

terça-feira, 16 de março de 2010

Cecília Meireles na sala de aula!

O livro Ou isto ou aquilo é uma leitura deliciosa com textos divertidos e descontraídos para utilizar em atividades ou simplesmente fazer uma leitura em voz alta.
Abaixo está o poema que dá título ao livro.

Ou isto ou aquilo

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Ou isto ou aquilo, Editora Nova Fronteira, 1990 - Rio de Janeiro, Brasil
No link abaixo é possível encontrar o texto com os versos em tiras fora de ordem para desenvolver diferentes atividades.

http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/tK_9f-2vIaEiLVFGyhv0CA?feat=directlink

Sugestão:

1. Em duplas solicitar que os alunos recortem os versos e coloquem em pares de acordo com a mensagem;
2. Realizar a leitura das sugestões dadas pelos alunos e verificar quais se aproximam do original;
3. Ler o texto em voz alta para que os alunos comparem com a própria organização;
4. Propor que ilustrem o texto e pensem em maneiras de apresentar uma leitura em voz alta junto com os amigos em forma de jogral.

Boa atividade,
Camila Garoli Vilela

segunda-feira, 8 de março de 2010

Crônica que inspira uma bela cena.

Que tal convidar os alunos para fazerem em sala de aula um festival de esquetes?
É uma atividade muito divertida e que gera muita aprendizagem.
Vale à pena conhecer diferentes tipos de textos para incluir na atividade, inclusive os que forem produzidos pelos próprios alunos.
Falo por experiência própria: a crônica que segue proporciona momentos de muita reflexão e atuação.

Atitude Suspeita

Sempre me intriga a notícia de que alguém foi preso “em atitude suspeita”. É uma frase cheia de significados. Existiriam atitudes inocentes e atitudes duvidosas diante da vida e das coisas e qualquer um de nós estaria sujeito a, distraidamente, assumir uma atitude que dá cadeia!

- Delegado, prendemos este cidadão em atitude suspeita.
- Ah, um daqueles, é? Como era a sua atitude?
Suspeita.
- Compreendo. Bom trabalho, rapazes. E o que é que ele alega?
- Diz que não estava fazendo nada e protestou contra a prisão.
- Hmm. Suspeitíssimo. Se fosse inocente não teria medo de vir dar explicações.
- Mas eu não tenho o que explicar! Sou inocente!
- É o que todos dizem, meu caro. A sua situação é preta. Temos ordem de limpar a cidade de pessoas em atitudes suspeitas.
- Mas eu estava só esperando o ônibus!
- Ele fingia que estava esperando um ônibus, delegado. Foi o que despertou a nossa suspeita.
- Ah! Aposto que não havia nem uma parada de ônibus por perto. Como é que ele explicou isso?
- Havia uma parada sim, delegado. O que confirmou a nossa suspeita. Ele obviamente escolheu uma parada de ônibus para fingir que esperava o ônibus sem despertar suspeita.
- E o cara-de-pau ainda se declara inocente! Quer dizer que passava ônibus, passava ônibus e ele ali fingindo que o próximo é que era o dele? A gente vê cada uma...
- Não senhor delegado. No primeiro ônibus que apareceu ele ia subir, mas nós agarramos ele primeiro.
- Era o meu ônibus, o ônibus que eu pego todos os dias para ir para casa! Sou inocente!
- É a segunda vez que o senhor se declara inocente, o que é muito suspeito. Se é mesmo inocente, por que insistir tanto que é?
- E se eu me declarar culpado, o senhor vai me considerar inocente?
- Claro que não. Nenhum inocente se declara culpado, mas todo culpado se declara inocente. Se o senhor é tão inocente assim, por que estava tentando fugir?
- Fugir, como?
- Fugir no ônibus. Quando foi preso.
- Mas eu não estava tentando fugir. Era o meu ônibus, o que eu tomo sempre!
- Ora, meu amigo. O senhor pensa que alguém aqui é criança? O senhor estava fingindo que esperava um ônibus, em atitude suspeita, quando suspeitou destes dois agentes da lei ao seu lado. Tentou fugir e...
- Foi isso mesmo. Isso mesmo! Tentei fugir deles.
- Ah, uma confissão!
- Porque eles estavam em atitude suspeita, como o delegado acaba de dizer.
- O quê? Pense bem no que o senhor está dizendo. O senhor acusa estes dois agentes da lei de estarem em atitude suspeita?
- Acuso. Estavam fingindo que esperavam um ônibus e na verdade estavam me vigiando. Suspeitei da atitude deles e tentei fugir!
- Delegado...
- Calem-se! A conversa agora é outra. Como é que vocês querem que o público nos respeite se nós também andamos por aí em atitude suspeita? Temos que dar o exemplo. O cidadão pode ir embora. Está solto. Quanto a vocês...
- Delegado, com todo o respeito, achamos que esta atitude, mandando soltar um suspeito que confessou estar em atitude suspeita é um pouco...
- Um pouco? Um pouco?
- Suspeita.

(Autor: Luís Fernando Veríssimo)

Bom trabalho,
Camila Garoli Vilela

Esquetes na sala de aula

Muito divertida para ser encenada pelos alunos ou simplesmente lida em voz alta.

O NOME ROUBADO
Max Nunes

(Numa delegacia, . Delegado na mesa. Entra investigador)
Investigador – Seu delegado, tem um caso ai fora que eu não sei resolver. Nunca vi uma coisa dessas.
Delegado – Manda entrar
Investigador (grita para fora) – Psssiu! Ôoo, seu! Pssiu!
Homem (humilde, entra) – Dá licença?
Investigador – Conta aí pro delegado.
Delegado – Qual é o caso?
Homem – O caso, doutor, é que eu fui assaltado ali na esquina e roubaram o meu nome.
Delegado – Roubaram o que?
Homem – O meu nome, doutor.
Delegado – Roubaram o seu nome?
Homem – Isso mesmo, seu delegado. E eu estou aqui para apresentar queixa.
Delegado – Como é o seu nome?
Homem – Eu não estou dizendo ao senhor que roubaram o meu nome?
Delegado (para o investigador) – Manda dar uma busca ai pela rua para a gente pegar esse ladrão.
Investigador (saindo) – Pois não seu delegado.
Delegado – O senhor tem certeza que roubaram o seu nome?
Homem – Tenho, doutor. Quando sai de casa eu estava com meu nome. Tanto que, na rua, quando eu passei por um amigo, ele me cumprimentou: Como vai você, ô ... ô... ? . E disse o meu nome.
Delegado – Sou delegado a mais de vinte anos, e nunca vi, nem soube, de um caso como esse: roubo de nome.
Homem – E o pior, seu delegado, é que meu nome não está no seguro.
Delegado – Relaxa seu... Se estivesse, eles lhe dariam um nome novo.
Homem – Mas eu não ia aceitar. Meu nome já está usado, mas era de estimação. Foi um presente que minha mãe me deu no dia em que eu nasci.
Delegado – Se o senhor ouvir o seu nome, o senhor se lembra?
Homem – Certamente, doutor.
Delegado – É nome estrangeiro?
Homem – Não, senhor. Artigo nacional mesmo.
Delegado – Será que é Pedro, João, José, Roberto, Paulo, ...
Homem – Nenhum desses, doutor.
Delegado – Vai ser difícil descobrir.
Investigador (chega, trazendo o ladrão) – Peguei o ladrão ali na esquina.
Homem (reconhecendo) – Foi ele, doutor. Foi ele que roubou o meu nome!
Delegado – Calma. (para o ladrão) Como é o seu nome?
Ladrão – Jorge.
Homem (Exultante) – Jorge! É esse o meu nome! Eu quero o meu nome de volta!
Delegado – Devolva o nome dele já, seu canalha!
Ladrão – Está bem, pode ficar com o seu nome.
Homem – Obrigado, seu delegado. Qualquer coisa que o senhor precisar, pode me chamar. Meu nome é Jorge. Passe bem seu delegado. (Sai)
Delegado (para o ladrão) – Agora vamos conversar. Seu nome todo?
Ladrão – Mão de Cabrito.
Delegado – Perguntei o nome.
Ladrão – Eu não tenho nome, doutor.
Delegado – Vagabundo! Quando chegou aqui você não disse que seu nome era Jorge?
Ladrão – É que eu tinha roubado aquele nome pra mim. Mas o senhor mandou devolver...

NUNES. Max. O pescoço de girafa: pílulas de humor por Max Nunes. São Paulo: Cia das Letras, 1997.

terça-feira, 2 de março de 2010

Com carinha de cartilha!

É uma dica de atividade que pode ser utilizada como reforço para auxiliar na alfabetização.
Muitos alunos curtem pois trabalha em uma zona de aprendizagem bem confortável para eles e muitas vezes serve como estímulo para desenvolver mais confiança na escrita e leitura.
Acho que vale a pena conferir e usar quando sentir necessidade.

http://picasaweb.google.com.br/MiGaroli/AtividadesComCarinhaDeCartilha#

Bom trabalho,
Camila Garoli Vilela

segunda-feira, 1 de março de 2010

O moleiro, seu filho e o burro

Um moleiro e o filho iam levar seu burro à feira, a fim de vendê-lo. Não tinham ainda caminhado muito quando se encontraram com um grupo de moças que voltavam da cidade, conversando e rindo.
- Olhem para aquilo! – exclamou uma delas. – Já viram tolos maiores? Caminhando a pé, quando podiam cavalgar o burro!
O velho, ouvindo aquilo, mandou que o filho montasse no burro e se pôs a caminhar tranquilamente ao lado dele.
Logo depois cruzaram com um grupo de homens idosos, que vinham discutindo animadamente.
- Vejam só! – disse um deles. – Isso prova o que eu vinha dizendo! Qual é o respeito que se tem hoje em dia pela velhice? Vejam aquele pequeno velhaco montado, enquanto seu velho pai caminha a pé! Desça daí seu tratante! Deixe que o velho descanse as pernas fatigadas!
Diante daquela manifestação o velho fez o filho descer do animal e montou nele. Assim continuaram o caminho até encontrarem algumas mulheres que vinham acompanhadas de seus filhinhos.
- Olá, velho preguiçoso! – gritaram várias vozes ao mesmo tempo. – Como podes cavalgar este animal, deixando o pobre garotinho a pé, mal podendo manter seu passo a teu lado?
O bom moleiro aceitou a censura e imediatamente fez com que seu filho subisse para a garupa do animal. Já estavam quase chegando à cidade quando encontraram um ditadino que perguntou:
- Meu amigo, esse burro lhe pertence?
- Sim – respondeu o velho.
- Pois ninguém diria tal coisa, vendo como o sacrificas com tanto peso! Vocês dois parecem mais em condições de carregar o pobre animal do que ele de carregar os dois!
- Seja como diz Vossa Senhoria! – falou o velho. – Podemos tentar isso.
Descendo do burro com o filho, ambos amarraram as pernas do animal e, pendurando-o a uma estaca, tentaram carrega-lo nas costas para atravessar a ponte de entrada da cidade. O espetáculo era tão cômico que as pessoas corriam em bandos, para rir dos dois. O burro, porém, não gostando da posição em que o tinham colocado, tanto se agitou e debateu que acabou caindo na água.
O velho,triste e envergonhado, tratou de voltar para casa, convencido de que, tentando contentar todo mundo, não contentara a ninguém, e ainda acabara por perder o burro.

Quem a todos dá ouvidos, não tem capacidade para se governar.
(Esopo)